Crescimento no primeiro trimestre foi de 1% sobre igual período de 2020, o que já era esperado. No acumulado em quatro trimestres, queda de 3,8%. Investimento cresceu
Por Vitor Nuzzi, da RBA
Entre os setores de atividade econômica, agropecuária segue sendo principal responsável por resultados recentes do PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,2% no primeiro trimestre em relação ao último período de 2020 e 1% na comparação com o início do ano passado, informou o IBGE nesta terça-feira (1º). As altas eram esperadas, devido ao resultado ruim registrado no ano anterior. Mas o PIB cai 3,8% na soma de quatro trimestres, mostrando a fraqueza da atividade, que segundo o instituto voltou ao nível pré-pandemia.
Ainda nesse acumulado anual, o produto só se sustenta, mais uma vez, pela agropecuária, que tem alta de 2,3%. A indústria recua 2,7% e os serviços, 4,5%. Segundo o instituto, o PIB do trimestre somou R$ 2,048 trilhões.
Também na comparação do primeiro trimestre com igual período do ano passado, a atividade agrícola sobe 5,2%, puxando o resultado, enquanto a industrial cresce 3%. O setor de serviços tem queda de 0,8%.
No pré-pandemia
Considerando o PIB acumulado em quatro trimestres, é o quarto resultado negativo seguido. Depois de crescer 1% no primeiro período de 2020, caiu 2,1%, 3,4%, 4,1% e, agora, 3,8%. Já os resultados trimestrais apontam relativa recuperação.
“Com o resultado do primeiro trimestre, o PIB voltou ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia”, informa o IBGE. “Mas ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, alcançado no primeiro trimestre de 2014”, acrescenta.
Consumo em queda
Influenciado pela pandemia, o consumo das famílias ficou praticamente estável do último trimestre de 2020 para o primeiro deste ano (-0,1%). O consumo do governo caiu 0,8%.
“O aumento da inflação pesou, principalmente, no consumo de alimentos ao longo desse período”, diz a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. “O mercado de trabalho desaquecido também. Houve ainda redução significativa nos pagamentos dos programas do governo às famílias, como o auxílio emergencial”, observa ainda. Por outro lado, lembra , houve aumento de crédito para pessoas físicas. “Mesmo com a segunda onda da pandemia de covid-19, o PIB cresceu no primeiro trimestre, já que, diferente do ano passado, não houve tantas restrições que impediram o funcionamento das atividades econômicas no país.”
O consumo das famílias cai 1,7% em relação ao primeiro trimestre de 2020 e 5,7% em quatro trimestres. Já o consumo do governo tem retração de 4,9% e também 5,7%, respectivamente.
Investimento e balança
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador de investimento, cresceu 4,6%, enquanto a balança comercial teve alta de 3,7% nas exportações e 11,6% nas importações. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a FBCF sobe 17% (maior taxa desde o segundo período de 2010), as exportações têm crescimento de 0,8% e as importações, de 7,7%. A taxa de investimento subiu para 19,4% do PIB, ante 15,9% em 2020. No melhor momento, entre 2010 e 2011, manteve-se em 20,7%.
No ano passado, o PIB brasileiro caiu 4,1%, maior retração da série histórica, iniciada em 1996. As projeções para este ano apontam crescimento de 3,5% a 5%. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que prevê 3,7%, o país crescerá abaixo da média mundial.
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